A ISO 9001:2015, comparativamente
à versão da norma de 2008, trouxe muitas alterações. As que são mais referidas
são a introdução do conceito de risco, oportunidades, desaparecimento das ações
preventivas através da utilização do conceito de risco, o conceito de partes
interessadas, o desaparecimento dos 6 procedimentos obrigatoriamente escritos,
entre outras.
Curiosamente, outra alteração que
a versão de 2015 tem é sobre a não obrigatoriedade da existência do
representante da gestão, vulgarmente representado pelo Responsável da Qualidade
ou Diretor da Qualidade, que é menos referida e, no entanto, na minha opinião é
uma alteração das mais significativas. Esta alteração tem subjacente que a
Gestão de Topo, ou seja, o Gerente, o Diretor Geral ou a Direção assume a
responsabilidade do sistema de gestão da qualidade (SGQ). Pode-se dizer-se que
este facto não é uma novidade desta versão porque a norma ISO 9001:2008 já o
referia, mas a questão é que a versão de 2015 o diz de uma forma clara no
requisito 5.1.1 ao indicar que a Gestão de Topo “assume a responsabilização
pela eficácia do sistema de gestão da qualidade”.
Na versão de 2015 da norma, a
Gestão de Topo é obrigatoriamente mias envolvida e responsabilizada pelo SGQ o
que terá como consequência a tendência para deixar de ver o SGQ como algo que
só serve para obter a certificação da empresa e que só se vê na altura da
realização da auditoria, o que, infelizmente, ainda acontece muitas vezes nas
organizações. Só desta forma, o SGQ, nessas organizações, deixará de ser visto
como um custo e sim como algo que pode contribuir para a melhoria da empresa e
para a satisfação dos clientes.
Cabe à Gestão de Topo, agora
claramente responsabilizada pelo SGQ, tirar todo o proveito do SGQ para que
este não seja apenas um conjunto de regras e procedimentos que a norma obriga a
cumprir para passar a ser algo com valor e que faz a empresa melhorar e atingir
os seus objetivos. Cabe também à Gestão de Topo providenciar os meios
necessários e definir a política a seguir de forma a que o SGQ não seja um
apêndice estranho ao dia a dia da empresa. Ao fim ao cabo, cabe à Gestão de
Topo gerir o SGQ como uma ferramenta de gestão para obter o sucesso.